Nasceu um novo Ícaro. Mais experiente, tentará vencer o sol. Tentará dar um fim diferente à história que alguém escreveu para ele.
É mais perspicaz que o outro porque tem outro tipo de sonho. Não é tão irreal, não é tão ingénuo. Tem a agilidade de um gato preto, as asas de uma águia e a força de uma multidão. É duro e é estratego.
Mas, sobretudo, tem a vontade de voar intrínseca nele; tem as noites ocupadas com os sonhos frios que não são sonhos ; que ele sabe que serão o seu futuro. Que são o passado. Só não são o presente. O presente é o sonho quente que está a ter agora.
E tem memórias vazias da morte do outro, o Ícaro que caiu. E chora pelo outro, que já foi ele. E que já não é nada.
E é este Ícaro de pulso marcado pela força e pela inteligência,
Inês Barão, nº11