" (...)
Como era bom ficar assim debruçado sobre o paraíso e ver, no peito dela, apenas o fio e o coração de prata lisa que ele lhe oferecera, num dia de Natal.
Entrelaçados como cisnes apaixonados, atravessaram em silêncio a velha porta de madeira e foram sentar-se mais adiante, no pomar, de músculos doridos do desejo e do cansaço.
- Vês aquela macieira tão carregada de frutos?-perguntou ele, apontando-a com o dedo.
Ela sorriu, passado-lhe a mão pelos cabelos, ao mesmo tempo que lhe adivinhava os pensamentos.
E ele anunciou-lhe o futuro, como quem dá um presente:
- è assim que te vejo: a árvore dos meus frutos; a árvore perfeita para dar frutos perfeitos. E eu serei a terra sob os teus pés; a terra molhada que te agarra e alimenta cada dia, para darmos frutos perfeitos: iguais a ti.
Ela voltou a sorrir, franzindo ligeiramente a testa:
- queres assim tantos frutos como os da árvore?!
- Hum... Deixa-me contá-los..."
Um beijo no pé, Maria Teresa Maia Gonzalez
Joana Beites