outroscaminhos @ 23:10

Ter, 25/03/08

Nos dias de chuva o mundo tem um som diferente. Há músicas que sabes que gostas e recusas ouvir, fugir do amor que sempre existiu. E num dia, de Sol ou de Nevoeiro, sentas-te e fechas os olhos lentamente a ouvi-la. Sempre a ouviste. Existe em ti, faz parte de ti. Sente-la no peito a subir enquanto suspiras.

É a tal sensação de Déja Vu.  A música foi feita para ti, no entanto, não para ti. Isso estragava o encanto, a doçura do facto , certo? Também que importa, gostas de simplesmente existir de mansinho. E, quando o mar está nas suas marés vivas, acordas e levantas-te da hibernação. Os músculos não aguentam a paragem durante uma estação e não és, de todo, definível num átomo. Amas intensamente a vida, a tua própria existência, sem qualquer tipo de arrogância. Apenas aprecias viver e tens prazer nisso. E tudo o que amas é moderadamente (terás aprendido com Epicuro? Não, não é importante. Aprendeste, para cada aprendiz existe, mais que um mestre, um motivo).

Por vezes, quase envergonhas os outros; a mim, talvez. Sim, existem certos momentos em que sinto fraqueza. Demasiado simplicidade, não nos gestos, mas no coração. Moldei-me demasiado a algo, talvez a uma ideia fixa de quem queria ser. Tu sempre quiseste ser, apenas, tu. E isso é honrável. É o raio de Sol que fulmina uns e ilumina outros, que posso mais dizer, cada um vê Darwin como lhe parece mais confortável.

Seja como for, admiro-te , sim. Mas de um modo algo que tímido. Não tens um carácter exibicionista, o que torna a minha dádiva oficialmente discreta. As grandes pessoas são assim, obrigam as outras a serem também humildes. Não, não! Não é uma declaração, é só uma música composta por palavras em vez de notas. Sabes, a escrita também tem uma certa melodia...

Não me interpretes mal - não as interpretes mal a elas, as palavras. Tal como aprecias a música e foges dela sempre que podes, por exigir demasiado de ti, do coração que te roubam, nos crimes mundanos que vês espalhados pelas cidades, eu fecho os olhos à justiça. E, depois, bem, creio que sabes o resto. Depois  existe aquele momento que é mais forte que eu e que cedo ; então, das minhas mãos sai o que a minha alma considera justo. E é justo que alguém tão puro como tu seja notado, valorizado, reconhecido. Não que seja eu, na minha obsessão pela justiça e algo assemelhado a letras correctamente ordenadas, alguém ideal para o fazer. Mas não me responsabilizo por nada de menos bom que te possa acontecer, dei o meu melhor.

Conforme o momento de hoje, um dia dir-me-ás que música traduz o dia de Sol resplandecente de hoje. Também eu preciso de ser valorizado.

Maria Ines



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