Tu, que passaste por tantos séculos, por tantas fases da lua, deixaste-te corromper. Logo tu, que quando nasceste querias ser justa; que quando cresceste consideraste o abuso de poder mais um inimigo a precisar de uma estratégia brilhante para ser abatido.
Sim, logo tu. Trazias, talvez sem o saberes, o vento do domínio inflexível (e parcialmente tolerante) sobre diferentes povos, o aroma de quem perde batalhas mas nunca perde uma guerra; a voz da persistência e da disciplina. Porém, as tuas tácticas tornaram-se impotentes no ócio e à luxúria que começaram a germinar
Logo tu que eras feita de um sonho tão respeitoso, tão bonito.
Misturaste as tuas vitórias com derrame de sangue inocente e as tuas más acções sobrepõem-se, em alturas de castigo, ao mérito que tens por direito. Tens o melhor e o pior associado ao teu nome. Mas foste, efectivamente, grandiosa e magnificente. Inigualável.
Até te derrubares; até perderes tudo o que eras no início. Quando julgaste ter alcançado a tua glória máxima, deixaste o sonho escapar por entre os teus dedos como se fosse água.
Mas as tuas ruínas estão presentes no meu povo. Somos, também, a herança que deixaste ao mundo. Somos também o que resta da tua memória.
E admiro-te, não pela luxúria que incutiste com as tuas vitórias, mas pelos motivos pelos quais subiste, o sonho que almejaste.
Gosto sobretudo do sonho que tu eras.
O sonho que eras e o que és hoje...
Ah! A tua beleza era ofuscante. E ainda é.
O meu amor por ti cega-me, só vejo o teu apogeu.
Maria InEs