O trabalho de voluntariado pode ser muito variado e compreender como uma instituição funciona em termos organizacionais também pode trazer grandes contrapartidas. Assim, fizemos outras tarefas que nos deram imenso prazer e que para outros poderiam parecer um pouco mais aborrecidas.
Organizámos as pastas de apresentação da associação aos pais e familiares das crianças com cancro e achámos que tudo era cuidado ao ínfimo pormenor, abordando o tema de uma forma ligeira e alegre, com livros cheios de ilustrações e cores que contam histórias relacionadas com os vários temas abordados (ao fim ao cabo, numa época em que a confusão e a tristeza invadem o espirito é preciso um "empurrãozinho").
Também organizámos brinquedos, brincámos com as poucas crianças presentes na instituição e, acima de tudo, fomos muito polivalentes e ouvimos muitas histórias de voluntários, de coisas que já se passaram naquela instituição, histórias de pessoas que às vezes nos fazem pensar e aprender.
Para concluir, foi um dia em que nos sentimos livres. Fisicamente e espiritualmente uma vez que estávamos a fazer algo que queríamos mesmo fazer e sentíamo-nos úteis.
O Grupo
Deixamo-vos aqui uma fotoreportagem sobre a ida do Presidente da República à casa da Acreditar.
A noite é de festa, o dia de família, mas a tristeza invade-me o espirito.
Deixei o quente da sala, os risos forçados, as alegrias ensaiadas e vim até cá fora. Sento-me nesta cadeira a ver a lua. O frio que me gela a ponta do nariz faz-me acordar. É o primeiro natal desde que partiste.
A lua está cheia. Consigo rever-te na lua que me ilumina. Tudo mudou, embora pensasse que não. Do outro lado vejo as famílias todas reunidas, as salas cheias, as casas animadas com movimento. Sabes, às vezes fico a pensar que não me lembro do ultimo presente que me deste, ou da última conversa, ou até do ultimo passeio. Será que alguma vez houve algum? Procuro no vazio das memórias. Nada. Não tenho nada para contar. Mas não faz mal! Assim posso sonhar como seria... E sonhar é tão bom, atenua a realidade.
Os natais daqui para a frente serão todos assim, melancólicos, tristes e cheios de saudades tuas. O meu pedido é só um: que todos os Natais eu possa ter uma lua cheia onde te reveja.
Bem, vou voltar para dentro. Estejas onde estiveres, Feliz Natal.
Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
(...)
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!
Florbela Espanca
Amadeu Martins
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Eugénio de Andrade
(A partir de ) Hoje e (para) Sempre!!!
Boas Festas para todos:
a prof
Com muito energia e ansiosos começámos esta nossa nova etapa...
Estávamos à porta do IPO e os nossos sorrisos e piadas (algumas sem piada nenhuma) mascaravam o nosso nervosismo e ansiedade. A pergunta mantinha-se no nosso subconsciente: o que é que vamos encontrar?...
Apareceu depois a voluntária Mª José que seria a pessoa que nos viria a dar mais informações sobre o que iríamos encontrar no 7º piso. Levou-nos até lá.
A porta deslizante abrira-se à nossa frente. Entráramos noutro mundo. Um mundo novo com muito para nos oferecer.
O branco incomodativo misturava-se com cores fortes de uma alegria aparente. O choro invadia todo o corredor. Começaram a surgir os primeiros rostos. Pedalavam nos seus triciclos, andavam por lá, mas sempre acompanhados. Não por pessoas mas por máquinas e produtos de que necessitam.
Fomos até a sala de estar/recreio onde começámos a fazer a actividade do origami. As crianças pareciam alheadas. Não eram crianças pela definição que temos. Não têm alegria nem vitalidade, nem aquela genica que as crianças têm. Estão doentes, débeis e muito frágeis. Mas vão melhorar.. é isso o mais importante.
Fizemos estrelas de papel para as iluminar, cães para lhes fazer companhia, laços, etc... Pareciam felizes. Mostravam sorrisos que eram sinceros.
O ambiente continua pesado mas já nos habituáramos. Máquinas a apitar, administração de medicamentos e soro, todo um movimento hospitalar.
Passámos para a actividade dos balões, que depressa se transformaram em brinquedos para aquelas crianças que, embora doentes, sabem o que é ser criança.
Para nós foi uma experiência muito enriquecedora que nos fez pensar, reflectir, saber agir e, talvez, sermos melhores pessoas. Nestes mundos é que se sabe o que é viver. Sabe-se o que são as leis naturais da vida. Prova-se a dor, a tristeza, por vezes a morte, mas saboreiam-se as vitórias, as curas e a vida.
O Grupo;
Posso estar triste.
Posso sentir saudades.
Posso sentir-me como um vazio.
Mas, há uma coisa que não posso sentir,
Indiferença.
Indiferença às pessoas que me amam e às pessoas que amo.
E muito menos sentir indiferença aos momentos com essas pessoas.
Pessoas que me fazem sorrir com pequenos gestos.
Pessoas que nos fazem mostrar que "a vida é dura" mas que é pior sem elas!
Dedico este texto às minhas amigas e aos meus amigos lá daquelas terrinhas da Guarda =P Ah...!Ana, após ter passado noites e dias e semanas a ouvir-te dizer sempre a mesma frase, eu decidi usar a tua frase no meu texto. "A vida é dura!" =') Mas acredita que sem ti e que sem o resto do pessoal é bem pior!
AMO-VOS!
Nádia Correia nº8